Cream Fruit Pie

Essa receita remete para alguns desejos de infância. Na verdade sempre fiquei curiosa em saber o gosto daquelas tortas que me pareciam tão saborosas dentro das estórias Disney… mas no interior do RS, há 25 anos atrás, não era simples de achar uma receita assim..
Ainda bem que a gente cresce e consegue, por vezes, realizar uns sonhos. Eu tinha alguns sonhos culinários de aprender fazer coisas que só via nas revistas e livros.. alguns que eu testei: custard pie, cream pie, cheesecake e quiche. Outros que ainda estão na espera, como apple pie e pumpkim pie. Mais dia, menos dia, todos eles virão parar neste blog.
Começo pela deliciosa (não apenas na minha imaginação) Cream Pie.
Para a massa precisaremos de:
  • 1 ½ xícara de farinha de trigo
  • 2 colheres de chá de açúcar
  • 1 colher de chá de sal
  • 1/2 xícara de leite
Misturar todos os ingredientes e forrar uma forma untada, fazendo furinhos na massa com um garfo. Eu costumo abrir a massa com um rolo, mas é uma preferência, apenas por gostar de uma massa mais fina. Eu uso uma forma de 20cm de diâmetro. Assar em forno à 200°C, por 15min (se for um forno de fogão comum à gás deixar mais tempo) ou até dourar. Reservar.
Para o creme custard:
  • 2 colheres de chá de essência de baunilha
  • 2 colheres de sopa de maisena
  • 2 gemas
  • 2 ovos
  • 1 xícara de chá de açúcar
  • ½ litro de leite
  • 2 colheres de sobremesa de farinha de trigo
Aqueça numa panela o leite junto com a metade do açúcar. Mexa um pouco no início para não grudar o açúcar no fundo da panela.
Enquanto isso, misture numa tigela as gemas, os ovos, o resto do açúcar, a farinha e a maisena. Acrescente o leite aquecido na mistura aos poucos mexendo sempre para misturar bem.
Devolva essa mistura para a panela e cozinhe em fogo baixo até engrossar. Eu mexo com um fouet, assim nunca fica embolotado.
Quando estiver espesso, desligue o fogo e misture as duas colheres de essência de baunilha.
Despejar na massa de torta já assada.
Cobertura:
 
Use as frutas que tiver à mão, dando preferência para as frutas não muito doces. Eu costumo usar morango, kiwi, amora, mirtilo ou frutas vermelhas. Picar as frutas e colocar em cima do creme.
Deixar na geladeira para firmar. Depois de algumas horas gelando fica melhor.
O creme custard é originário da Inglaterra, e se refere a toda uma escala de preparações baseadas em leite e ovos. Normalmente, o creme se refere a uma sobremesa ou a um molho de sobremesa, mas as bases do creme são usadas igualmente para fazer quiche e outros alimentos salgados. Como uma sobremesa, é feito de uma combinação de leite ou creme de leite, gemas, açúcar e baunilha. Às vezes são adicionados farinha, amido de milho ou gelatina.
Uma custard pie é qualquer tipo de mistura crua do creme custard com uma massa crua – ou parcialmente cozida – e assadas em conjunto. Nos EUA, a custard pie se refere geralmente a uma mistura de leite, ovos, açúcar, sal, extrato de baunilha e às vezes noz-moscada combinados com uma massa de torta. É considerada diferente de uma cream pie, que contém o creme cozido despejado em uma massa préassada. Algumas cream pies comuns incluem cheesecake, pumpkim pie, lemon pie, e pecan pie.

Torta de açúcar mascavo

Esta torta é uma outra receita bem tradicional do centro da Bélgica. Se faz normalmente com uma variedade local de açúcar marrom, chamada sucre candi, que tem um gosto um pouco diferente do açúcar mascavo, mas a torta fica ótima com um ou com o outro. É bem fácil de fazer. Se faz com qualquer tipo de massa, mas eu tenho uma fraqueza especial por massa podre, portanto é ela que vai nesta receita. Você vai precisar de:

  • 250g de farinha
  • uma pitada de sal
  • 150g de manteiga
  • 100g de açúcar cristal
  • 300g de açúcar mascavo
  • 1 ovo e duas gemas
  • 250g de creme de leite

Misture a farinha, o sal, a manteiga, o açúcar cristal e um ovo. Sove bem até formar uma massa bem homógena e lisa. Unte uma forma de pizza com manteiga, e espalhe a massa nela com as mãos., até ocupar toda a área da forma e das bordas.

Coloque o açúcar mascavo em cima, espalhe por toda a torta.

Misture o creme de leite com as duas gemas, e espalhe por cima. Coloque em forno preaquecido a 250°C, e asse por 25 minutos ou até que a mistura de creme de leite fique bem dourada. Deixe esfriar antes de servir.

Trouxinhas de doce de leite


Essa é fácil mesmo, inclusive curta. E é um furto do Marcelo. Como ele ainda não se animou a postar aqui, nós vamos começar a colocar nossos favoritos, devidamente repetidos por nossas mãos.
Você vai precisar de:

  • 1 pacote de massa filo
  • 1 pedaço de fondant de leite, ou doce de leite para corte
  • 1 ou 2 ovos

Corte a massa em quadrados de mais ou menos 10cm, e pincele ovo batido (ou só gema) dos dois lados. Coloque no centro um quadradinho de doce de leite e feche a trouxinha, como se fosse um ovo de páscoa. Leve ao forno numa forma untada até dourar e está pronto!
Não é fácil? Fica uma delícia, com o caramelo grudando no dente (sim, a mágica transforma o doce num caramelo!), e você pode servir sozinha ou com sorvete. Ou com o que a imaginação mandar! Compartilhe suas ideais conosco por aqui.

Broinhas da Dona Lourdes


A receita, destas deliciosas e famosas iguairias, experimentei em Caconde, cidade do interior de São Paulo, próxima de Minas Gerais. Foram feitas pelas mãos de um ser especial, como a Dona Lourdes, daí claro, o nome das broas.

Para que elas fiquem igualzinhas às da foto precisamos:

  • Um pote de nata. Não fica bom creme de leite, já experimentei tem que ser nata mesmo, aquela mais grossa e o pote nos serve de medidas pro resto dos ingredientes)
  • Meio “pote” de açucar cristal
  • Dois ovos
  • Dois potes de fubá o mimoso da Yoki
  • Um pote de farinha de trigo
  • Uma colherzona de pó Royal.

Se misturam os ingredientes nessa ordem, primeiro colocar num recipiente para mistural um bol, a nata, com o açucar e os ovos. Bater na mão, com um garfo, até ficar uniforme. Acrescente depois aos poucos, o fubá, ate ficar um grude forte, não desespere, é assim mesmo. Nesta fase utilizo uma colher do tipo pão duro. Por último a vai colocando a farinha de trigo e a colher de fermento. Nesse ponto já é bom por a mão mesmo. Depois, vou formando bolinhas, pegando pequenas porções com uma colher e amassando elas pra ficarem tipo umas bolachas, não muito finas.

Por ultimo coloco no forno, numa placa untada com manteiga, por uns 20 minutos na primeira leva, as segunda demora apenas uns 10 minutos e, se der uma terceira, fique ligado que pode ser bem mais rapido. Apenas precisam ficar douradas e descolarem por baixo. A receita rende umas 40 broinhas que se comem rapidinho!!!

Como mencionei acima, com esta preparação, ficam igualzinhas às da foto. Para ficarem melhores ainda, como as da Dona Lourdes, se precisa nata caseira. Sim, aquela de verdade!!! Ela também assa as broinhas num forno elétrico e ficam igualmente douradas por cima e por baixo. As da foto são feitas no forno de gás.

O Irineu me contou, enquanto experimentava, que há um dez anos no Brasil, tinha um ministro que queria fazer uma lei que fizesse das broas a iguaria nacional, pelo sabor e pelas diversas manifestações em quase todos os estados. Não o culpo!

Marzipã assado

O marzipã é um doce a base de amêndoa que se encontra em todo lugar da Europa. especialmente no fim do ano, próximo ao Natal Por aqui é bem raro, quase só em lojas de importados. Felizmente, é EXTREMAMENTE fácil de fazer. Aliás, quando era escoteiro, fazia para vender na rua e ganhar dinheiro. Você pode ver por isso que escoteiro não é sempre bem o que a gente se imagina, mas isso é outro debate.Na Bélgica, existe uma especialidade bem legal que fazem com marzipã, que é assar ele no forno. O preparo é exatamente o mesmo, apenas pode, se quiser, fazê-lo um pouco mais mole que se for para consumir cru. Sugiro que você faça meio-meio, depois você me diz qual ficou melhor.

Precisa de:

  • 250g de farinha de amêndoa. Como esta farinha é difícil de encontrar (em SP, na casa Santa Luzia ou na zona cerealista) e cara, as vezes faço uma versão “abrasileirada” onde troco a farinha de amêndoa por farinha de caju. Os puristas vão gritar, mas achei bem gostoso também.
  • 250g de açúcar de confeiteiro ou de açúcar comum que você passa no liquidificador até ficar finíssimo.
  • uma clara de ovo (ou duas se você quer fazer um marzipã muito mole)
  • uma colher de chá de manteiga (isso é o toque belga, não tem em todas as receitas)
  • 3 ou 4 pingos de essência de amêndoa. Não é bem indispensável, mas gosto de reforçar um pouco o gosto de amêndoa.

Garanto que você nunca vai ver na vida uma receita tão simples como esta:

1. Misture bem todos os ingredientes
2. Está pronto

Você vai obter uma massa lisa, é o marzipã. Faça umas bolinhas, uns charutinhos, uns coelhinhos, mergulhe no chocolate, ou qualquer outro uso. As aplicações são inumeráveis. Mas pode simplesmente guardar na geladeira e comer assim, é delicioso.

Para fazer a versão assada: Aqueça o forno a 200°, forme uma bolachinhas com a massa, e disponha num papel manteiga. Asse no forno por mais ou menos 10 minutos. Se o seu forno tem um grill, melhor, asse um pouco menos e coloque mais 5 minutos bem embaixo do grill. Deixe bem esfriar, e descole cuidadosamente do papel manteiga.

Orangettes

Essa receita experimentei na época que morava na Bélgica e nunca mais esqueci. Não perguntei o nome na hora e só depois de muitos anos, agora, eu consegui descobrir como se chamava e assim pude fazer. É bastante trabalhosa, mas o resultado fica incrível. Eu adoro!
Para fazer mais ou menos 500g de orangettes, tu vais precisar de:
  • 03 laranjas grandes de casca espessa (ou o equivelente de cascas de outro cítrico: toranja, lima, limão) de preferência orgânicas
  • 250 g de açúcar 
  • 500 ml de água
  • 400 a 500 g de chocolate amargo (necessariamente), de preferência com 70% de cacau
*Lavar e escovar bem as laranjas em água corrente. Cortar a casca em quatro quartos sem furar a polpa (se conseguir). Eu não consegui, então cortei em 4 partes mesmo, depois usei a polpa para outra receita.
Retirar o máximo possível da parte branca sem furar a casca. Agora sim é preciso cuidar, pois depois vamos cortar em  tiras. Quanto mais a gente conseguir tirar a parte branca, melhor as orangettes vão ficar.
*Colocar as cascas numa panela grande e cobrir com água fria. Ferver. Deixar fervendo por 5 minutos. Escorrer as cascas e jogar a água fora. Repetir novamente a operação: cobrir com água, levar a fervura, ferver 5 minutos e escorrer. Esse passo é fundamental para retirar o gosto amargo das cascas.
*Escorrer as cascas e deixar esfriar no escorredor. Sobre uma tábua, cortar os quartos de casca em tiras de aproximadamente 1/2 cm de largura. reservar. Os pedaços não podem ser muito finos, pois correm o risco de romper na hora de colocar a cobertura.
*Numa panela de fundo espesso, colocar o açúcare a águapara ferver. Quando ferver, mergulhar as orangettes e deixar fervendo por 5 min. Tirar a panela do fogo e deixar oa calda esfriar completamente. Repetir a operação mais duas vezes, sempre esperando o resfriamento completo da calda. (Para esfriar mais rápido, eu coloco a panela dentro de uma tigela de inox com água fria. Ou pode ser na pia também se for bem tapada.)
Então as orangettes ficam translúcidas. Isso que dizer que elas estão cristalizadas.
*Quando as orangettes esfriarem dentro da calda, colocá-las para secar (sem sobrepô-las) sobre uma grelha ou um papel manteiga. Idealmente, elas devem secar uma noite ou um dia inteiro, mas não mais do que isso. Se elas secarem demais, ficarão duras e não serão mais tão saborosas.
*Numa tigela, picar ou ralar o chocolate e derreter em banho-maria ou no microondas. Com a ajuda de um garfo, mergulhar as orangettes no chocolate derretido. Girar rapidamente para que elas fiquem bem recobertas. Deixar escorrer alguns segundos fora da tigela e depois colocar sobre uma folha de papel alumínio ou manteiga até que endureçam.
*Na hora de ferver a calda, pode se acrescentar um pauzinho de canela, alguns cravos ou um pouquinho de cardamomo. Mas com parcimônia, pois são especiarias fortes e não devem competir com o sabor principal. No final, também podemos passar as orangettes no açúcar cristal ao invés do chocolate. Fica bom. Mas com chocolate é bem melhor!!

Quatre-quarts raté

Este bolo é uma versão especial de um bolo francês bem famoso, chamado Quatre-quarts (quarto quartos). Se chama assim porque vai um mesmo peso de quatro ingredientes:

  • 3 ovos
  • 180g de farinha
  • 180g de açúcar
  • 180g de manteiga
  • uma pitada de sal
O bolo que a minha vó fazia tem isso de especial que não é cozido o suficiente, dai uma parte fica crua. Ela chamava esse bolo de raté (falido). Estávamos totalmente viciados nele quando eramos crianças. Toda a dificuldade é de acertar esse ponto “falido”: Uma parte ainda esta crua, mas já tem uma casca bem crocante. A minha vó se foi sem deixar a receita, precisei experimentar durante meses (anos dirá a Maíra) para conseguir fazer um igual…

Comece por ligar o forno na temperatura mais alta que tiver. Como temos que cozinhar pouco, tem que ser o mais quente possível. coloque em uma saladeira a farinha, o açúcar, o sal e as gemas de ovo. Reserve as claras. Se você usar manteiga com sal, não coloque a pitada de sal.

Em uma panelinha, derrete a manteiga em fogo baixo. Acrescente ao resto, e misture bem até formar uma massa bem homógena.

Bate as claras de ovo em neve, e acrescente à massa. Misture bem, e por fim, despeje a massa toda em uma forma quadrada untada com manteiga.

Repare o tipo de forma que uso, que é o mesmo que a minha vó usava, é muito importante para o sucesso da receita. Já tentei com vários outros tipos de forma e nunca dá certo. Acho que tem a ver com o tamanho, para que a crosta se forma enquanto o centro fica cru. Coloque no forno por 25 minutos máximo (vem dar uma espiada aos 20 minutos, se a crosta já está bonita, retire imediatamente. O menos tempo melhor).

Petit Gâteau de "Conaprole"

Para fazer esse bolinho, a receita é bastante parecida com a de petit gâteau normal. Você vai precisar de:

  • 200 g de doce de leite CONAPROLE (ou outro doce de leite “marrom”)
  • 100 g de manteiga sem sal
  • 2 ovos
  • 2 gemas
  • 80 g de açúcar
  • 60 g de farinha
  • forminhas de papel de mais ou menos 6cm de diâmetro

Numa panela, derreta o Conaprole e a manteiga. Mexa devagar até ficar com a consistência de um brigadeiro mole.Tire do fogo e acrescente os ovos e as gemas mexendo com um fouet (equipamento especial para bater massas e claras em neve).

Por fim acrescente a farinha peneirada e o açúcar.
Despeje em forminhas de papel (dá umas 6 a 8 forminhas) e asse em forno pré-aquecido a 220, por 8 minutos.


O tempo e atemperatura do forno são para fornos muito bons. Em fogões normais, eu deixaria no máximo de calor e testaria o tempo, mais ou menos uns 10 min. Mas é preciso algumas tentativas para acertar o ponto. Lembre que o petit gâteau deve ficar cozido por fora e mole por dentro.

Um dos grandes astros uruguaios é o Doce de Leite da CONAPROLE (Cooperativa Nacional de Productores de Leche), um velho conhecido do Mercosul, mas ainda um pouco desconhecido do restante do Brasil.
Uma grande pena, pois esse é simplesmente o melhor doce de leite que existe, não tem nenhum outro que o bata, nem mesmo os argentinos que também estão topo da lista.
Para fazer exatamente essa receita, é imprescindível usá-lo. Até o presente momento, sabemos que é possivel encontrá-lo: no Rio Grande do Sul – na rede de supermercados Nacional e em São Paulo: na Loja Central do Sabor que fica na Rua Paula Sousa e na Padaria Pão de Ló, ali perto da Cásper Líbero.
Quem não conseguir achar, use pelo menos um doce de leite argentino, desses bem marrons, que fica parecido, e é mais fácil de encontrar. Mas claro que não fica tão bom… 😀
Uma dica: A CONAPROLE fabrica uma enorme linha de laticínios e todos os que provei até hoje são fantásticos. Pena que não estão à venda no Brasil. Quem for ao Uruguai, prove!

Lemon Curd

A última colherada!

Descobri essa delícia há pouco tempo, na casa do nosso amigo Zé Roberto Prazeres, o “Zé dos Prazeres”, como chamamos. A lenda dizia que era feito por mãos de velhinhas inglesas anglicanas, e o Zé dizia que era fácil comprar, porém… nós não nos contentamos com tão pouco! Qual é o nosso barato?! Fazer!
So… procurei a receita, e achei no site da BBC. Mas engana-se quem pensa que a receita abaixo é mera tradução. É, eu fiz como eles diziam, mas achei um pouco mais doce e/ou um pouco menos ácido do que me apraz. Então fiz pequenas adaptações.
Você vai precisar de casca e suco de 4 limões sicilianos (acho que pode ser qualquer limão, mas esse dá um sabor mais “típico”), 4 ovos, 110g de manteiga sem sal, 400g de açúcar. A receita é tão simples que a parte mais trabalhosa é raspar o limão – raspe só a parte colorida da casca! Depois, extraia o suco. Misture casca e suco com a manteiga fria, cortada em pedacinhos, os ovos ligeiramente batidos e o açúcar. Eu bati o açúcar no liquidificador por um minuto antes de usar, já que outra receita dizia pra usar açúcar extrafino (açúcar de confeiteiro). Esse é um truque simples para fazê-lo em casa.
Agora é só levar ao banho maria, fogo baixo, e ir mexendo. Demora um pouco, e parece até que não vai dar certo. Mas, de repente, a mágica se faz! A mistura talhada vira um creme aveludado. O cheiro é delicioso desde o começo. Está pronto quando, ao virar a colher, fica uma “capinha” de creme.
Pela foto vocês podem ver que segui à risca as instruções “Pour into warm sterile jars, cover, seal and label. Refrigerate.” Sim, tem mais um ponto importante aqui: precisamos guardar em vidros esterilizados, já que não usamos conservantes. Veja aqui como fazer. (Eu dispenso o passo 3, secar no forno. E além disso, como vocês podem observar, eles não usam o pano no fundo da panela como recomendam. Eu também não!)
Essa receita rende dois vidros com capacidade para 400, 500 ml. Use para recheios de tortas, sonhos, coberturas para sorvete, para passar no pão, ou simplesmente para comer de colher!

Chocolate

Fazia muito tempo que estava sonhando em fazer chocolate eu mesmo. Já vou avisando, apesar de a receita ser diabolicamente simples, fazer chocolate é uma arte de extrema minucia, muita paciência e longos esforços até chegar a um resultado bom. Estou eu mesmo bem longe disso, mas acho que já tenho dicas suficientes para compartilhar.
Se você procurar na internet, vai encontrar muito pouco material explicando o processo a seguir. Vários especialistas também dizem que conseguir fazer chocolate de nível comercial é praticamente impossível sem aparelhos industriais. Portanto, não espere chegar a um chocolate igual ao que você compre no comércio, mas sim algo como uma pasta de chocolate.

Porém, com um pouco de dedicação, é possível chegar a resultados muito interessantes nos critérios de gosto, textura, e perfume. E essa pasta de chocolate servirá para quantidade de coisas a base de chocolate, e fica realmente deliciosa em pão ou em panquecas.

O primeiro passo não é o mais simples: encontrar frutos de cacau. Basicamente, cada vez que tenho a sorte de encontrar a preço acessível, compro e faço chocolate. 2 ou 3 desses são suficientes para fazer 2 ou 3 potes com os da imagem no topo. Abre os frutos com cuidado:

Recolhe as sementes junto com a polpa branca. Essa polpa faz um suco delicioso, mas é difícil de separar das sementes. Tem duas técnicas, recolhendo com mão, faca e colher, ou fervendo o todo, polpa e sementes, em água. A segunda técnica produz bem mais suco, mas ferver as sementes não é recomendado para produzir chocolate.

Mas a polpa também tem uma outra utilidade. Em fabricação industrial, as sementes fermentam junto com a polpa durante alguns dias, em barris de madeira. Isso refina muito o gosto do chocolate, e cria muito aroma. É muito fácil fazer essa fermentação em casa também, deixando as sementes com a polpa em um pote fechado, fora da geladeira, durante dois ou três dias. Abrindo o pote, o cheiro de fermentação já indica para qual tipo de aroma o nosso chocolate está se orientando.

A fase seguinte é a secagem, ao sol. Simplesmente deixe a mistura com a maior exposição ao sol possível:

Em alguns dias, a polpa terá completamente ressecada e as sementes estarão bem secas:

Agora vem a torragem. Aqui novamente, não tem regra fixa, o tempo de torra depende do resultado que quer obter. Mais torradas as sementes, mais amargo fica o chocolate. Para torrar, use qualquer panela que permita mexer facilmente as sementes, como um wok por exemplo, coloque no fogo e fique mexendo sem parar. As sementes vão “pipocar” um pouco (fazer som de pipoca que cozinha), mas é normal:


Basicamente, o mínimum é torrar o suficiente para que a casquinha da semente saia facilmente com os dedos. Quando está suficientemente torrado para seu gosto, descasque:

Você obterá então o que chamam de “nibs”:

Agora chegamos ao ponto mais complicado. Os nibs contem muita gordura, a famosa manteiga de cacau. Essa manteiga é um elemento muito importante para a fabricação do chocolate comercial, pois, além do gosto, ela garante a consistência típica do chocolate, que fica sólido quando frio e derrete quando aquecido.

Separar essa manteiga do resto do cacau é um processo muito difícil de se fazer em casa, por isso é difícil de chegar a um chocolate em barra. No nosso chocolate, a separação sempre será imperfeita, muito da manteiga ficará aglomerada aos pedaços de cacau, e não chegaremos à um nível suficiente de manteiga de cacau solta na massa de chocolate. Nosso chocolate não conseguirá solidificar quando esfriará.

Mas não fique triste: Os chocolates de baixa qualidade trocam uma parte da manteiga de cacau por gordura vegetal mais barata. Os chocolates de alta qualidade usam somente manteiga de cacau. O nosso chocolate, mesmo se não solidifica, será de altissima qualidade!


Em processo industrial, a separação é obtida combinando calor e fricção, esquentando a mistura e passando ela em enormes prensas. Em casa, eu tento reproduzir o mesmo processo esquentando os nibs, triturando eles com um pilão e deixando eles por muito tempo no mixer ou liquidificador. Não chega a virar uma pasta (chamada “licor de cacau” na indústria), mas chega perto.

Tem várias coisas que se pode fazer para melhorar a moagem, como adicionar um pouco de açucar, que ajuda a quebrar os pedaçinhos de cacau em partículas mais finas.


Quando o cacau chegou a um tipo de farofa bem úmida, adicione leite e açucar. A proporção certa é de 2kg de açucar e 2kg de leite para 1kg de amêndoas de cacau. Devemos adaptar para a quantidade de amêndoas que temos.

Agora também é o momento de adicionar os seus ingredientes segredos. Cada fabricante de chocolate tem seus próprios, como ervas, baunilha, essências diversas ou, no caso de chocolate de menor qualidade, gordura vegetal. Eu gosto de colocar alguns pingos de essência de baunilha, e uma ou duas colheres de sopa de manteiga com sal, que, além de ajudar a nossa falta de manteiga de cacau, dá um contra-gosto bem legal. Quando a mistura está bem homogena, coloque em fogo médio:

Como se trata de uma mistura que tem muito leite, não saia de perto do fogão! Continue mexendo sem parar, até que a mistura reduza e engrosse. Pode demorar bastante tempo se você fez grandes quantidades. Depois de algum tempo o chocolate começa a virar bem grosso, e pega o gosto, o cheiro e o aspecto típico de chocolate derretido. Quando se solta da panela, está pronto:

Tem vários outros truques para saber o ponto certo, como colocar um pingo de chocolate em uma superfície fria. Deve fixar imediatamente. Não passe muito do ponto, senão vai começar a virar algo parecido como um brigadeiro.

Depois, a receita oficial mandaria despejar em formas para obter barras de chocolate, mas até agora nunca consegui chegar nesse ponto. Se você também não, despeje simplesmente em um pote, guarde na geladeira, e coma de colher!

Fotos adicionais

As fotos aqui em baixo foram adicionadas depois (leia os comentários abaixo para saber a historia toda)

A manteiga de cacau derretendo no banho-maria

O chocolate na verdade não deve cozinhar… melhor fazer tudo no banho-maria.

Finalmente, depois de meses de experimentos, este resultado (ver comentário 12/11/2010):

Petí Gatô

Foto furtada na rede, mas são os bolinhos da confraria mesmo. Eu os comi! 

Ou, como dizemos por aqui, “bolinhos”! Sucesso absoluto e imbatível, é muito fácil fazer em casa. Não dá mais pra comprar por aí, a 12 reais (ééé, São Paulo é f!), muitas vezes com um creme artificialmente “introduzido”, depois de provar do seu próprio. (Porque o petit gateau autêntico fica cremoso por dentro porque está cru. É! Mas você vai admitir que nunca comeu nada mal assado tão gostoso!)

Vamos precisar:

100g de chocolate em barra amargo.(Pode ser ao meio-amargo, mas na minha opinião fica muito doce)
100g de manteiga

150g de açúcar
50g de farinha de trigo

2 ovos
1 gema

forminhas de papel de 6cm de diâmetro (mais ou menos…)

Primeiro, ligamos o forno, pra deixar bem quente. Derretemos o chocolate, a manteiga, misturamos (eu já derreto junto, numa panelinha de fundo grosso em fogo beeem baixo. Vale usar microondas também). Acrescentamos os ovos e a gema ligeiramente batidos misturados com o açúcar, e a farinha, misturando muito bem a cada acréscimo. Fica uma mistura pesada, bastante gordurosa, evidentemente.
Despejamos nas forminhas, umas 10, todas já dispostas numa assadeira, pra facilitar o “transporte” até o forno.
Agora, muita atenção: eles devem assar por apenas 9 minutos! É claro que essa precisão vai variar de forno pra forno, e você deve ir ajustando, testando várias vezes até chegar ao ponto ideal, onde o bolinho fica com uma casquinha assada por fora e mole por dentro. Mas aposto que ninguém vai se incomodar de repetir até acertar!
É só pegar na forminha (deixe esfriar um pouco, pra não se queimar!) e comer com a mão mesmo, separando o papel. Uma delícia!
O sorvete de creme continua valendo como bom acompanhamento. (Não fica legal pra desenformar, porque fica meio baixinho, a forminha é rasa. Mas nada impede que você teste em fôrmas maiores, menos fôrmas ou mais massa, claro, e veja o resultado. Não esqueça que isso também vai influir no tempo de forno.)

Também pode-se fazer numa forma maior, redonda, um “grand gateau”, assando por cerca de 15 minutos, mas esse eu nunca testei!

Iogurte caseiro básico

Esta é uma receita muito simples para fabricar um iogurte muito profissional, bem gordo e muito cremoso. Se você ficou assustado por esta frase, explicarei também como fazer uma versão mais light, mas muito menos gostosa.

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Estes são os nossos ingredientes: 1 litro de leite integral, de caixa (tipo A) ou de saco (tipo B), o de saco é um pouco mais gordo, portanto melhor, 1 pote (+/-200g) de iogurte natural (não adoçado, e integral se possível), 3 ou 4 colheres de sopa de leite em pó, e 200g (meio-pote) de nata.

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Utilize um pote que possa conter 2 litros, e mixture ali o iogurte e a leite em pó. Pode fazer iogurte sem leite em pó (os únicos ingredientes indispensáveis são o leite e o iogurte), mas assim ele ficara menos líquido.

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Misture bem, você deve remover todas as bolinhas de leite em pó.

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Adicione a nata e mixture. Isto vai fazer todo o diferencial do seu iogurte, transformando ele em um delícia absoluta. Se você quer um iogurte mais light, pule esta etapa, mas acredite, você vai sentir a diferência.

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Em uma panela, coloque o leite e esquente até 36 graus. Se você não tem termometro, tem um truque fácil: 36 graus é a temperatura do nosso corpo, então coloque um dedo na sua boca: ai está a temperatura que você precisa atingir. Cuide de não passar muito desse ponto, senão matará as bactérias que produzem o iogurte e nada acontecerá.

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Agora é só misturar bem,

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e colocar num lugar quente durante mais ou menos 9 horas. Eu uso uma caixa de isopor, no fundo da qual coloco um pote de água quente. Isso vai manter a temperatura dentro da caixa bem quente durante as 9 horas.

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Após 9 horas, tudo está pronto! Você precisará misturar um pouco o creme do leite que terá acumulado na superfície, e colocar na geladeira para ficar numa temperatura boa para comer. É melhor comer em uma semana, mas aguentará até uns 10 dias. Fica delicioso com algum fruto que você bate no liquidificador, nem precisará adoçar…

Nota: A Maíra consegue fazer um iogurte muito melhor