Torta de pimentões e ervas

Essa tortinha mais parece uma pizza, e também é perfeita pra servir em pequenos pedaços em confraternizações descontraídas. Pelo menos é assim que eu uso, mas acho que serve também para uma boa entrada.
Primeiro, preparamos a massa:

  • 2 xíc. de farinha de trigo
  • 1 colher de sopa de fermento em pó
  • 150 ml de leite
  • 1 gema
  • sal a gosto ( sugestão: 1 colher de chá rasa)

Misture numa tigela a farinha, o sal e o fermento. Dissolva a gema no leite e vá acrescentando à farinha. Misture bem com uma colher por uns 5 minutos, e depois transfira para uma superfície enfarinhada para sovar. Sove até que fique macia e elástica, e então deixe crescer por uma hora numa tigela untada, em algum lugar aquecido. Eu coloco no forno, que embora esteja ainda desligado, ficará morninho com o preparo que acontece em cima: a cobertura.
Você vai precisar de:

  • 2 pimentões amarelos grandes
  • 2 pimentões vermelhos grandes
  • 4 cebolas grandes
  • azeite de oliva
  • ervas frescas, 2 ou 3 variedades (tomilho, orégano, salsinha, sálvia, manjerona… eu não dispenso o tomilho!)

Descasque e pique, em tiras finas, os pimentões e as cebolas. Pique também as ervas. Coloque tudo para cozinhar em fogo moderado, com três colheres de um bom azeite numa frigideira. A mistura não deve dourar, portanto, fique de olho: se for preciso, acrescente colheradas de água.
A cobertura ficará no fogo cerca de 30 minutos, até que os legumes estejam macios. O aroma pela casa será inebriante!

Com a cobertura pronta, vamos abrir a massa já crescida e montar a torta. Agora é o momento de ligar o forno, para pré-aquecer. Mas tire a tigela de dentro!!
Abra a massa com um rolo numa superfície enfarinhada, até ficar do tamanho da forma (cerca de 30 cm de diâmetro). (O ideal é que fique um pouquinho maior que a fôrma, para poder fazer uma bordinha, uma parte particularmente deliciosa da torta!) É um pouco difícil, por sua qualidade “elástica”. Ela teimará em encolher! Mas quando conseguir, transfira com cuidado para a forma untada, e fure-a com um garfo.

Cubra com o refogado de pimentões, regue com mais azeite, e leve ao forno por 25 a 30 minutos, até que esteja crescida e crocante! Sirva quente, com uma taça de vinho. Que tal?

Variações. Dois toques especiais já testados e aprovados, para agradar a paladares diferentes:

  • cubra a torta com alguns filés de anchovas – para as pessoas e os dias que combinam com o bem salgado;
  • salpique passas pretas – para as pessoas ou os dias que pedem um toque mais doce.

Petit Gâteau de "Conaprole"

Para fazer esse bolinho, a receita é bastante parecida com a de petit gâteau normal. Você vai precisar de:

  • 200 g de doce de leite CONAPROLE (ou outro doce de leite “marrom”)
  • 100 g de manteiga sem sal
  • 2 ovos
  • 2 gemas
  • 80 g de açúcar
  • 60 g de farinha
  • forminhas de papel de mais ou menos 6cm de diâmetro

Numa panela, derreta o Conaprole e a manteiga. Mexa devagar até ficar com a consistência de um brigadeiro mole.Tire do fogo e acrescente os ovos e as gemas mexendo com um fouet (equipamento especial para bater massas e claras em neve).

Por fim acrescente a farinha peneirada e o açúcar.
Despeje em forminhas de papel (dá umas 6 a 8 forminhas) e asse em forno pré-aquecido a 220, por 8 minutos.


O tempo e atemperatura do forno são para fornos muito bons. Em fogões normais, eu deixaria no máximo de calor e testaria o tempo, mais ou menos uns 10 min. Mas é preciso algumas tentativas para acertar o ponto. Lembre que o petit gâteau deve ficar cozido por fora e mole por dentro.

Um dos grandes astros uruguaios é o Doce de Leite da CONAPROLE (Cooperativa Nacional de Productores de Leche), um velho conhecido do Mercosul, mas ainda um pouco desconhecido do restante do Brasil.
Uma grande pena, pois esse é simplesmente o melhor doce de leite que existe, não tem nenhum outro que o bata, nem mesmo os argentinos que também estão topo da lista.
Para fazer exatamente essa receita, é imprescindível usá-lo. Até o presente momento, sabemos que é possivel encontrá-lo: no Rio Grande do Sul – na rede de supermercados Nacional e em São Paulo: na Loja Central do Sabor que fica na Rua Paula Sousa e na Padaria Pão de Ló, ali perto da Cásper Líbero.
Quem não conseguir achar, use pelo menos um doce de leite argentino, desses bem marrons, que fica parecido, e é mais fácil de encontrar. Mas claro que não fica tão bom… 😀
Uma dica: A CONAPROLE fabrica uma enorme linha de laticínios e todos os que provei até hoje são fantásticos. Pena que não estão à venda no Brasil. Quem for ao Uruguai, prove!

Sopa de cebola

Este é um típico prato de bistrô parisense. Em qualquer lugar onde você para, no meio da noite agitada da métropole, pode ter certeza que terá como comer uma sopa de cebola bem perto. É bem fácil de fazer em casa também.

Retire a pele de 8 a 10 cebolas comuns (aquelas que tem a pele marrom, não as brancas nem as roxas), e pique eles bem fino. Em uma panela, aquece duas colheres de sopa de manteiga, acrescente uma pitada de sal, e frite a cebola até ficar bem dourada. Ascende o forno em 250°C. Passe a cebola rapidamente no liquidificador (não faz mal se sobra bastante pedaços ainda), e acrescente um meio-litro de água. Recoloque no fogo por 10 minutos.

Retire do fogo, e despeje a sopa em cumbucas individuais. Cobre a sopa com fatias de pão, de preferência amanhecido. Em cima do pão, cobre com queijo mussarela ralado grosso, ou em fatias se você não tem ralador. Coloque no forno por aproximadamente 25 minutos, ou até que o queijo tenha dourado.

Bolinhos de sardinha

Esta receita marroquina é fácil de fazer e fica deliciosa. São bolinhos feitos com sardinhas frescas e muito tempero, que cozinham num molho de tomates. Acompanhe com arroz ou, melhor, cuscuz marroquino. As quantidades abaixo são para 4 pessoas.

Os bolinhos

Corte a cabeça, o rabo, e limpe bem 500 a 600g de sardinhas frescas. As vezes você encontra elas já abertas e sem cabeça, facilita. Coloque numa saladeira. Adicione 2 colheres de sopa de alho triturado, 1 colher de sopa de paprika doce, 1 colher de sopa de cominho, uma colher de chá de pimenta preta, uma boa pitada de sal, e o suco de um meio limão. Triture com um pilão até formar uma massa. Forme bolinhos pegando um punhado da mistura e pressionando com a mão. Aquece um fundo de óleo em uma panela, e frite rapidamente os bolinhos, 3 ou 4 minutos de cada lado, apenas para eles não se desmanchar depois. Reserve.

O molho

Bate 5 ou 6 tomates cortados em cubos, uma cebola descascada e cortada grossa, e uma colher de sopa de salsa picada (ou mais se preferir) no liquidificador. Coloque a mistura numa panela, com uma xicara de água e uma pitada de sal. Deixe ferver com panela tampada por 15 minutos, coloque mais um pouco de água se ficou pouco molho, e coloque no molho os bolinhos. Não mexe mais, para evitar que eles quebrem. Apenas vire eles uma vez no meio do cozimento para que eles cozinhem por igual. Cozinhe por 5 a 10 minutos com a panela semi tampada.

Pita gyros

A pita é um tipo de sanduiche grego, recheado com carne, repolho marinado, queijo feta e molho de alho.

A pita é um grande ícone da culinária grega e de todos os países que bordam a Grécia. Por isso, tem inúmeras declinações. A que nos faremos aqui é uma versão bem básica, feita tanto na Grécia como na Turquia. Mas essa pita também se espalhou através a Europa inteira, e é hoje uma das comidas de rua mais fáceis de encontrar em todo lugar da Europa. Em Bruxelas, existe até uma “rua da Pita” (oficialmente rue du Marché aux Fromages) onde todas as casas são restaurantes de pita.

Você vai precisar preparar 4 recheios. As quantidades são para 4 pessoas:

O repolho marinado

Coloque numa saladeira uma colher de chá de sal, uma ou duas colheres de sopa de açucar, uma meia xicara de vinagre branco e uma colher de sopa de orégano. Misture bem até que o açucar e o sal estejam totalmente diluidos. Em seguida, corte um meio repolho em lâminas bem fininhas, corte duas ou três vezes no sentido perpendicular, para que as tirinhas não fiquem muito compridas. Coloque o repolho na saladeira, e misture bem. Reserve, e misture novamente de vez em quando para que todo o repolho fique bem impregnado com a marinada.

O queijo feta

Simplesmente corte 200 a 300g de queijo feta (queijo de cabra grego) em cubinhos, ou, se não encontrar ou se fica muito caro, de um outro queijo de cabra, ou, mais barato ainda, de um bom queijo de minas.

O tsaziki (molho de alho)

Isto é um molho muito típico da Grécia, que pode usar com muitos outros pratos, ou até comer com pão. Retire com um descascador a pele de um pepino japonês, e corte ele em pedaçinhos bem pequenos. Retire a pele de umas 10 a 15 dentes de alho (ou mais, se você tem bastante corajem) e corte também bem fininho. Coloque os dois numa cumbuca e esmague com um pilão, até quase ficar uma massa. Acrescente um pote de iogurte integral (+/- 200g, não adoçado, claro), uma pitada de sal se acha necessário e uma pitada de orégano. Misture bem, e reserve.

A carne

Corte 600g de carne bovina (coxão mole, alcatra, o que tiver disponível) em tirinhas, como para um estrogonofe. Tempere com sal, tempero para gyros se você tiver, ou algum outro tempero para carne (tempero para churrasco, tempero mexicano, etc…). O tempero típico de gyros é uma mistura de paprika, pimenta do reino, coentro em grãos, cominho, canela, cravos, salsa, orégano e noz moscata. Misture bem, e frite em uma frigideira com um fio de azeite de oliva.

Quando todos os recheios estão prontos, dispõe na mesa com pão para pita. O pão de pita é um tipo de pão sírio bem fino, mas nem todos os pãos sírios servem para fazer pita, porque não são sempre resistentes o suficientes para ser abertos. Você provávelmente devera experimentar várias marcas até achar uma boa. Conte 3 ou 4 pães por pessoa se são pequenos. Se você tem uma torradeira, pode torrar levemente os pãos antes de servir (eles devem ficar moles ainda, para poder ser abertos)

Cada convidado pega um pão, corte um pedaço dele, abre o pedaço maior (é oco), e abre ele como se fosse um saquinho. Em seguida, recheia com um pouco de cada recheio, ao gosto de cada um.

Se você quiser, pode acrescentar muitos outros recheios como milho, cubinhos de tomate, molho rosé (iogurte + catchup), cubinhos de abacaxi, ou qualquer outra idéia que surja da sua imaginação. Mas não fique sem experimentar uma vez esta versão autêntica!

Filé à la béarnaise

Esta receita francesa bem famosa é no mesmo tempo simples e complicada. É simplesmente um pedaço de filé mignon de carne bovina, com o famosissimo molho béarnaise, a base de ovos, manteiga e estragão. Na foto acima, servimos ele com gratin dauphinoise rúcula.O molho

A dificuldade principal é fazer o molho béarnaise. Como todo molho de ovos, sempre há um risco de estragar. Você deverá tomar cuidado na hora de esquentar, para não cozinhar o ovo. Ia formar grumos e estragar tudo. Você vai precisar, para 4 pessoas, de 6 a 8 ovos, bastante estragão, 150g de manteiga, uma meia-xicara de vinho branco seco, 4 colheres de sopa de vinagre branco, uma cebola roxa, e sal.

Começa por picar a cebola muito fino:

Em seguida, coloque uma colher de sopa de manteiga em uma panela, e frite a cebola com uma pitada de sal e muito estragão (não se preocupe, não tem risco de por demais):
Quando a cebola está bem dourada, acrescente uma meia xicara de vinho branco seco e 4 colheres de sopa de vinagre branco. Continue mexendo, até que a quantidade de líquido reduza de metade:
Desligue o fogo, e coe. O líquido vai servir para a béarnaise, o resíduo sólido normalmente não serve para nada, mas não jogue fora, seria um crime! Use por exemplo para temperar a salada verde, ficará ótimo. Detalhe interessante, na Europa se vende o líquido de base pronto:

Mas, claro, ai você não ganha a cebola! Agora, com essa base, fazemos o molho:

Ferva água em uma panela, e coloque outro recipiente dentro, para fazer um banho Maria. No recipiente, coloque o líquido obtido na etapa anterior, e 6 a 8 gemas de ovo. Mexe sem parar, cuidando bem para que o ovo não cozinhe. Se ameaça de embolotar, retire imediatamente da água fervente e espera baixar um pouco a temperatura, sem parar de mexer. Rapidamente, a mistura vai engrossar até parecer um creme. Jogue nele a manteiga, cortada em pedaços. Continue mexendo até a manteiga estar totalmente derretida. Verifique que esteja salgado como você quer, ajuste se necessário. O molho está pronto, reserve.

A carne

Corte um pedaço de filé mignon (conte mais ou menos 600g para 4 pessoas normais, 800g para 4 pessoas gulosas) em filés bem espessos, com a melhor faca que você tenha:


Aqueça uma frigideira em fogo alto. Espere alguns minutos, para que a frigideira esteja o mais quente possível. Derreta uma boa colher de manteiga. Quando a manteiga começa a dourar, coloque os filés. Polvilhe com uma pitada de sal e de pimenta do reino.

O alvo é cozinhar o mais rapidamente possível, por isso tentamos deixar a frigideira mais quente possível. Na França, as pessoas tentam geralmente deixar a carne bem torrada por fora, mas bem vermelha por dentro. É assim que gosto também, e quando você tem uma carne boa, fica maravilhoso. Por isso fizemos filés bem espessos, que é para ajudar o centro a ficar bem vermelho. Deixe 4 ou 5 minuos, e vire os filés.

Faça a mesma coisa do outro lado, polvilhe um pouquinho de sal e de pimenta do reino, e deixe 4 a 5 minutos. Se você conseguiu uma carne boa, vai ficar totalmente suculento. Quando tudo for pronto, monte os pratos colocando uma generosa dose de molho em cima de cada filé.

O dia do nosso jantar, o Iri conseguiu este vinho fabuloso. Perfume muito fino, daqueles onde você consegue sentir o tonel de madeira, e um gosto totalmente surprendente, bem diferente do que você imagina cheirando. Combinou perfeitamente!

Aqui está, para o registro, o festão que fizemos:

Gratin Dauphinois

Este é um prato muito, muito simples de se fazer, e um grande clássico da cozinha francesa. Se trata de um gratin, ou seja, um prato gratinado, de batatas, creme de leite e alho. Fica ótimo como acompanhamento para algum prato de carne. Você precisará, para 4 pessoas, de 2 ou 3 kg de batatas (o que couber na sua assadeira), uma caixinha (mais ou menos 200g) de creme de leite, alguns dentes de alho esmagadas ou duas colheres de sopa de alho triturado, e 300g de queijo mussarela (ou prato).
Comece por colocar um fundo de leite ou de azeite no fundo da assadeira. Ligue o forno bem alto, em torno de 250°C. Descasque as batatas, e corte elas em fatias finas. Dispõe na assadeira. A cada 2 ou 3 batatas, espalhe uma colher de sopa de alho esmagado e uma pitada de sal.
Continue assim até encher o prato. No fim, despeje o creme de leite, o resto do alho e uma pitada de noz moscada.Por cima, coloque o queijo, em fatias, em pedaços ou ralado, pouco importa. O importante é cobrir o prato por igual. Coloque no forno por 50 minutos. Verifique que a batata esteja bem cozida enfiando uma faca no prato, se tem a consistência que você imagina que deveria ter, então significa que está pronto. Bon appétit!

Nota: Se você quer fazer este prato mais rapidamente, pode cozinhar as fatias de batata por 15 minutos em água fervente antes de colocar na assadeira. Ai, só precisará ficar no forno uns 20 minutos, para gratinar o queijo. Mas não fica tão bom!

Γιουβέτσι mε Θαλασσινα (massa grão de arroz com frutos do mar)

Ingredientes (para 4 a 6 pessoas)

500 g de mexilhões (de preferência na concha)
250 g de camarões crus
125 g de manteiga
1 cebola cortada em tiras finas
2 dentes de alho amassados
4 a 5 tomates, pelados e peneirados
1/2 colher de chá de açúcar
500 g de kritharáki (massa em formato de arroz)
200 g de quejo brebis (de ovelha)
sal
pimenta preta moída
Preaquecer o forno à 180º C.
Lavar e escovar as conchas e colocar para cozinhar em água apenas até que elas se abram. Escorrer e reservar o caldo. Jogar fora as conchas que não abriram. Retirar os mexilhões das conchas e lavar delicadamente em água corrente.
Acredito que essa primeira parte pode ser pulada, pois é muito difícil encontrar mexilhões ainda nas conchas para vender no Brasil. Normalmente, encontramos mexilhões congelados sem casca, mas é bom também. Seguindo então:
Lavar os camarões. Derreter a manteiga em uma frigideira e cozinhar os camarões em fogo baixo, até que eles fiquem rosados.
Juntar o alho e a cebola e dourar um pouco. Colocar os tomates, um pouco do caldo dos mexilhões (ou água se o mexilhão era congelado), os mexilhões e o açúcar, temperar com o sal e a pimenta e cozinhar lentamente (em fogo baixo) por 10 minutos.
Retirar do fogo e juntar a “massa arroz” . Colocar em tigelas, até a metade, tantas quantas forem as porções desejadas. Pode também usar um prato grande, mas ainda assim encher somente a metade. Colocar água fervente em cima até encher a tigela ou o prato e mexer.
Levar ao forno que estava preaquecido de 30 a 40 min. Note que 180ºC é para um forno muito bom, onde temos certeza da qualidade da temperatura (como num forno elétrico ou um excelente forno a gás). Num forno de fogão normal é bom deixar um pouco mais quente em torno de 250ºC.
Um pouco antes do fim do cozimento, repartir o queijo de ovelha (brebis) e colocar em cima do prato e deixar gratinar. Servir fervente.
*O kritharáki é uma massa em formato de grãos de arroz que por muitas vezes desconcerta a quem a degusta pela primeira vez, pois seu formato destoa do sabor.
No Brasil, só consegui encontrar até agora o produto importado, comecializado pela Barilla com o nome de Risoni.
A receita é típica das Ilhas Jônicas, um grupo de ilhas na Grécia. As sete são, de norte para sul: Corfu (Κέρκυρα), Paxos (Παξοί), Levkas (Λευκάδα), Ítaca (Ιθάκη), Cefalónia (Κεφαλλονιά), Zante (Ζάκυνθος) e Citera (Κύθηρα).
O nome jônicas é uma curiosidade geográfica, já que a região da Jônia, na Antiguidade, ficava a leste da Grécia, na costa do Mar Egeu, onde hoje fica a Turquia. O nome pode ter sido derivado do fato de que algumas das ilhas foram colonizadas pelos povos jônicos da Grécia Antiga. Ítaca era o nome da ilha natal de Ulisses no antigo poema épico grego A Odisséia, de Homero. Tentou-se identificar a Ítaca atual com a antiga, mas não é possível localizar a ilha pela descrição de Homero. (da wikipedia).
Para beber podemos escolher um Retsina ou, na falta deste, um Vinho Verde.

Peixe e legumes no vapor, molho de alho

Este é um almoço despretensioso que fiz hoje… Totalmente simples, totalmente saudável e totalmente gostoso… Você precisará daquele prato metálico furado que se encaixe numa panela e que serve para cozinhar coisas no vapor, e não para escorrer macarrão…
Pegue algumas batatas, cenouras e vagens, ou outros legumes da sua preferência,  corte em pedaços bem grandes, e coloque na cesta metálica, numa panela com um terço de água. Tampe e deixe cozinhar por 25 minutos, ou até que os legumes estejam no ponto que você acha bom quando enfia uma faca dentro. Polvilhe com salsa e cebolinha.
Enrole alguns filés de pescada branca ou de linguado em volta de um pedaçinho de pimentão, enrole numa folha de alho-porro ou de cebolinha, e atravessa com um palito para que não se desfaça. Cozinhe na mesma cesta, depois de retirar os legumes, por 5 a 10 minutos.
Você reparou que não vai nem sal nem gordura? O cozimento no vapor deixa tudo com um sabor fantástico.
Para o molho, bate 3 colheres de sopa de coalhada, uma colher de chá de alho picado, uma pitadade sal (aqui sim…) e o suco de um meio limão no liquidificador.

Burritos


Isto é um famosissima representente da comida mexicana. Se trata de um farto lanche feito com um tipo de panqueca de massa de trigo, a tortilla, recheada com carne, legumes e feijão. Na receita apresentada aqui, adicionamos ainda molho de queijo e guacamole, para obter um burrito como você nunca comeu antes…

Os recheios ficam melhores se são preparados separadamente, e juntados somente na hora de montar o burrito:

Acima aparecem os quatro recheios: a carne, o feijão e o molho de queijo e o guacamole.
As tortillasPara 4 pessoas, faremos 8 ou 9 tortillas. Coloque 300 a 400g de farinha de trigo numa saladeira, um fio de oleo, uma pitada de sal, e água. Vai misturando e sovando com as mãos, acrescentando a água aos poucos até chegar a uma consistência qui parece boa para trabalhar.
Polvilhe farinha numa superfície grande, e coloque um punhado de massa do tamanho de uma bola de ping-pong na mesa. Abre com um rolo de massa até chegar a um disco muito fino de mais ou menos 30cm de diametro. Faça o mesmo com toda a massa, empilhando as tortillas bem enfarinhadas para que elas não grudem entre si.

Depois de preparar os recheios, cozinhe as tortillas colocando elas numa frigideira grande, sem oleo, a fogo brando, de cada lado. Não deixe elas cozinhar por muito tempo, 2 ou 3 minutos no máximo. Elas devem sair bem moles ainda, pois precisaremos enrolar elas.

O recheio de carne

Frite uma cebola grande e um pimentão picados em azeite. Acrescente dois tomates em cubinhos, e 500g de carne moída. Acrescente bastante cominho, e, se está pronto para o autêntico burrito, uma generosa dose de pimenta. Deixe cozinhar com a panela tampada, até a carne ficar bem cozida mas não deixe secar completamente.

O recheio de feijão

Cozinhe 300g de feijão numa panela de pressão. Acrescente em seguida uma cebola, um pimentão e duas tomates, todos cortados em cubinhos. Acrescente sal e muito cominho. Deixe o caldo engrossar até ficar pastoso.

O guacamole

Abre um abacate bem maduro, despeje a polpa numa cumbuca, acrescente um tomate picado bem fininho, um fio de azeite, o suco de um meio-limão e sal a gosto. Esmague o todo com um garfo até o abacate ficar cremoso. acrescente pimenta se quiser.

O molho de queijo

Pique 8 fatias de queijo cheddar derretido (aquelas que vem num plástico, sabe? para colocar em lanche), coloque numa panela com uma ou duas xicaras de leite. Cozinhe em fogo baixo, mexendo sempre, até o queijo ficar totalmente derretido e o molho ficar cremoso.

Quando tudo for pronto, prepare os burritos: pegue uma tortilla, e coloque em cima um pouco dos quatro recheios, e alguns pedaços de pimenta jalapeña.


Para fechar o burrito, começe para dobrar a parte inferior (o “fundo”), depois um lado, depois o outro. O topo fica aberto, como na primeira foto. Pode também embalar em papel manteiga ou alumínio para ajudar a guardar a forma. Pode necessitar treinar um pouco, mas a técnica se aprende rapidamente.

Se você consegue comer mais que dois desses burritos, fará parte de um círculo muito fechado, e encorajamos você a registrar a sua performance aqui nos cometários!

Lemon Curd

A última colherada!

Descobri essa delícia há pouco tempo, na casa do nosso amigo Zé Roberto Prazeres, o “Zé dos Prazeres”, como chamamos. A lenda dizia que era feito por mãos de velhinhas inglesas anglicanas, e o Zé dizia que era fácil comprar, porém… nós não nos contentamos com tão pouco! Qual é o nosso barato?! Fazer!
So… procurei a receita, e achei no site da BBC. Mas engana-se quem pensa que a receita abaixo é mera tradução. É, eu fiz como eles diziam, mas achei um pouco mais doce e/ou um pouco menos ácido do que me apraz. Então fiz pequenas adaptações.
Você vai precisar de casca e suco de 4 limões sicilianos (acho que pode ser qualquer limão, mas esse dá um sabor mais “típico”), 4 ovos, 110g de manteiga sem sal, 400g de açúcar. A receita é tão simples que a parte mais trabalhosa é raspar o limão – raspe só a parte colorida da casca! Depois, extraia o suco. Misture casca e suco com a manteiga fria, cortada em pedacinhos, os ovos ligeiramente batidos e o açúcar. Eu bati o açúcar no liquidificador por um minuto antes de usar, já que outra receita dizia pra usar açúcar extrafino (açúcar de confeiteiro). Esse é um truque simples para fazê-lo em casa.
Agora é só levar ao banho maria, fogo baixo, e ir mexendo. Demora um pouco, e parece até que não vai dar certo. Mas, de repente, a mágica se faz! A mistura talhada vira um creme aveludado. O cheiro é delicioso desde o começo. Está pronto quando, ao virar a colher, fica uma “capinha” de creme.
Pela foto vocês podem ver que segui à risca as instruções “Pour into warm sterile jars, cover, seal and label. Refrigerate.” Sim, tem mais um ponto importante aqui: precisamos guardar em vidros esterilizados, já que não usamos conservantes. Veja aqui como fazer. (Eu dispenso o passo 3, secar no forno. E além disso, como vocês podem observar, eles não usam o pano no fundo da panela como recomendam. Eu também não!)
Essa receita rende dois vidros com capacidade para 400, 500 ml. Use para recheios de tortas, sonhos, coberturas para sorvete, para passar no pão, ou simplesmente para comer de colher!

Chocolate

Fazia muito tempo que estava sonhando em fazer chocolate eu mesmo. Já vou avisando, apesar de a receita ser diabolicamente simples, fazer chocolate é uma arte de extrema minucia, muita paciência e longos esforços até chegar a um resultado bom. Estou eu mesmo bem longe disso, mas acho que já tenho dicas suficientes para compartilhar.
Se você procurar na internet, vai encontrar muito pouco material explicando o processo a seguir. Vários especialistas também dizem que conseguir fazer chocolate de nível comercial é praticamente impossível sem aparelhos industriais. Portanto, não espere chegar a um chocolate igual ao que você compre no comércio, mas sim algo como uma pasta de chocolate.

Porém, com um pouco de dedicação, é possível chegar a resultados muito interessantes nos critérios de gosto, textura, e perfume. E essa pasta de chocolate servirá para quantidade de coisas a base de chocolate, e fica realmente deliciosa em pão ou em panquecas.

O primeiro passo não é o mais simples: encontrar frutos de cacau. Basicamente, cada vez que tenho a sorte de encontrar a preço acessível, compro e faço chocolate. 2 ou 3 desses são suficientes para fazer 2 ou 3 potes com os da imagem no topo. Abre os frutos com cuidado:

Recolhe as sementes junto com a polpa branca. Essa polpa faz um suco delicioso, mas é difícil de separar das sementes. Tem duas técnicas, recolhendo com mão, faca e colher, ou fervendo o todo, polpa e sementes, em água. A segunda técnica produz bem mais suco, mas ferver as sementes não é recomendado para produzir chocolate.

Mas a polpa também tem uma outra utilidade. Em fabricação industrial, as sementes fermentam junto com a polpa durante alguns dias, em barris de madeira. Isso refina muito o gosto do chocolate, e cria muito aroma. É muito fácil fazer essa fermentação em casa também, deixando as sementes com a polpa em um pote fechado, fora da geladeira, durante dois ou três dias. Abrindo o pote, o cheiro de fermentação já indica para qual tipo de aroma o nosso chocolate está se orientando.

A fase seguinte é a secagem, ao sol. Simplesmente deixe a mistura com a maior exposição ao sol possível:

Em alguns dias, a polpa terá completamente ressecada e as sementes estarão bem secas:

Agora vem a torragem. Aqui novamente, não tem regra fixa, o tempo de torra depende do resultado que quer obter. Mais torradas as sementes, mais amargo fica o chocolate. Para torrar, use qualquer panela que permita mexer facilmente as sementes, como um wok por exemplo, coloque no fogo e fique mexendo sem parar. As sementes vão “pipocar” um pouco (fazer som de pipoca que cozinha), mas é normal:


Basicamente, o mínimum é torrar o suficiente para que a casquinha da semente saia facilmente com os dedos. Quando está suficientemente torrado para seu gosto, descasque:

Você obterá então o que chamam de “nibs”:

Agora chegamos ao ponto mais complicado. Os nibs contem muita gordura, a famosa manteiga de cacau. Essa manteiga é um elemento muito importante para a fabricação do chocolate comercial, pois, além do gosto, ela garante a consistência típica do chocolate, que fica sólido quando frio e derrete quando aquecido.

Separar essa manteiga do resto do cacau é um processo muito difícil de se fazer em casa, por isso é difícil de chegar a um chocolate em barra. No nosso chocolate, a separação sempre será imperfeita, muito da manteiga ficará aglomerada aos pedaços de cacau, e não chegaremos à um nível suficiente de manteiga de cacau solta na massa de chocolate. Nosso chocolate não conseguirá solidificar quando esfriará.

Mas não fique triste: Os chocolates de baixa qualidade trocam uma parte da manteiga de cacau por gordura vegetal mais barata. Os chocolates de alta qualidade usam somente manteiga de cacau. O nosso chocolate, mesmo se não solidifica, será de altissima qualidade!


Em processo industrial, a separação é obtida combinando calor e fricção, esquentando a mistura e passando ela em enormes prensas. Em casa, eu tento reproduzir o mesmo processo esquentando os nibs, triturando eles com um pilão e deixando eles por muito tempo no mixer ou liquidificador. Não chega a virar uma pasta (chamada “licor de cacau” na indústria), mas chega perto.

Tem várias coisas que se pode fazer para melhorar a moagem, como adicionar um pouco de açucar, que ajuda a quebrar os pedaçinhos de cacau em partículas mais finas.


Quando o cacau chegou a um tipo de farofa bem úmida, adicione leite e açucar. A proporção certa é de 2kg de açucar e 2kg de leite para 1kg de amêndoas de cacau. Devemos adaptar para a quantidade de amêndoas que temos.

Agora também é o momento de adicionar os seus ingredientes segredos. Cada fabricante de chocolate tem seus próprios, como ervas, baunilha, essências diversas ou, no caso de chocolate de menor qualidade, gordura vegetal. Eu gosto de colocar alguns pingos de essência de baunilha, e uma ou duas colheres de sopa de manteiga com sal, que, além de ajudar a nossa falta de manteiga de cacau, dá um contra-gosto bem legal. Quando a mistura está bem homogena, coloque em fogo médio:

Como se trata de uma mistura que tem muito leite, não saia de perto do fogão! Continue mexendo sem parar, até que a mistura reduza e engrosse. Pode demorar bastante tempo se você fez grandes quantidades. Depois de algum tempo o chocolate começa a virar bem grosso, e pega o gosto, o cheiro e o aspecto típico de chocolate derretido. Quando se solta da panela, está pronto:

Tem vários outros truques para saber o ponto certo, como colocar um pingo de chocolate em uma superfície fria. Deve fixar imediatamente. Não passe muito do ponto, senão vai começar a virar algo parecido como um brigadeiro.

Depois, a receita oficial mandaria despejar em formas para obter barras de chocolate, mas até agora nunca consegui chegar nesse ponto. Se você também não, despeje simplesmente em um pote, guarde na geladeira, e coma de colher!

Fotos adicionais

As fotos aqui em baixo foram adicionadas depois (leia os comentários abaixo para saber a historia toda)

A manteiga de cacau derretendo no banho-maria

O chocolate na verdade não deve cozinhar… melhor fazer tudo no banho-maria.

Finalmente, depois de meses de experimentos, este resultado (ver comentário 12/11/2010):

Carbonnades à la liégeoise

Esta é uma variação das famosas Carbonnades flamandes, um ícone da cozinha belga, que sem dúvida aparecerá aqui em breve. Como tudo que é chamado “à la liégeoise”, em referência à cidade de Liège, tem um molho doce, feito com frutas.

É um prato de carne (as carbonnades são cubos de carne), embalada em tiras de bacon, e cozida em um molho de cebolas, cerveja preta e sirop de Liège ou geleia. Pode ser servido com vários acompanhamentos, mas se você quer fazer algo bem belga, serão batatas, fritas ou, como aqui, cozidas e depois sautées.


Para 4 pessoas, Você vai precisar, para começar, de 600g de carne bovina (pode ser qualquer pedaço, alcatra, coxão mole, coxão duro. Quando a carne cozinha muito tempo em um molho, pode muito bem ser uma carne de menor qualidade, mais dura). Corte essa carne em 8 a 10 pedações, e embale cada pedaço em tiras de bacon. Amarre com barbante.

Lave um pequeno kilo de batatas bem pequenas. Não descasque, mas tire os nós e partes machucadas. Corte cada uma em quatre, cobre de água fria salgada e deixe ferver durante mais ou menos 15 minutos. Teste com uma faca, quando a batata estiver quase cozida mas ainda um pouco dura, retire do fogo e escorre a água.

Em outra panela, frite 2 ou 3 cebolas picadas bem fino em um pouquinho de manteiga. Quando estão bem amarelos, adicione os pedaços de carne. Continue fritando até o bacon ficar dourado. Adicione em seguida uma lata de cerveja preta (qualquer uma serve, minha preferida é a bohemia preta), e 3 boas colheres de sopa de sirop de Liège ou de geleia.


O sirop de Liège é uma pasta feita de suco de frutas e açucar, típica da região de Liège mas fácil de encontrar na Bélgica toda. Fora da Bélgica, infelizmente, é quase impossível de encontrar, mas esta receita ficará quase igual se você usar uma geleia qualquer.

Deixe cozinhar em fogo brando durante mais ou menos 30 minutos, ou mais se você tiver tempo (mais tempo melhor). Ajuste o sal, e adicione uma colher de chá de farinha ou maizena, para engrossar um pouco o molho.

Enquanto a carne cozinha, coloque uma colher de sopa de manteiga nas batatas cozidas, e um punhado de salsa e cebolinha. Coloque no fogo, e frite (=sauté) levemente, sem parar de mexer. Pare quando as batatas começam a dourar, a esfarelar e a grudar no fundo da panela.

Prontinho! O ideal para acompanhar este prato é, como para quase toda a culinária belga, cerveja. Se você encontrar uma cerveja belga, melhor (a Leffe e a Hoegaarden são agora fácil de encontra no Brasil), mas a defeito, tem várias cervejas brasileiras que combinarão muito bem, como a bohemia confraria ou a bohemia preta, ou qualquer outro tipo de cerveja escura e com gosto bem forte.

Bom apetite!

Älplermakronen ou "Macarrão dos Alpes"

Foto fresquinha, do macarrão feito minutos atrás!

 

Receita fácil e saborosa, um prato típico suíço (achou que era só fondue e raclete??!!). Que tal impressionar hoje à noite? 😀

Basicamente um macarrão com… batatas e queijo! E creme de leite! Segundo nosso amigo suíço Michael, que está ali na cozinha preparando e ditando pra mim as quantidades, as pessoas por lá dizem que este é um prato pra se fazer quando se tem batatas sobrando, hehe!! Ele diz que a proporção tradicional é mais ou menos o mesmo peso em massa, batata e queijo. Mas o Michael particularmente coloca MAIS queijo!!

Então, mãos à obra!
Para 4 pessoas, colocamos pra cozinhar 4 batatas grandes em cubinhos em uma panela de 5 litros com água fria. Assim que a água ferver, vamos esperar 5 minutos e acrescentar nessa mesma panela, junto com as batatas, a massa, 400g de penne. Cozinharemos mais o tempo necessário para a massa, no caso, cerca de 10 minutos.
Numa tigela separada, você deve ter cerca de 400g de queijo ralado. Nós estamos usando um mistura de gruyère e emmenthal, pois o toque é suíço 😉 Mas creio que é possível abrasileirar ou dar o toque pessoal, de acordo com os seus queijos preferidos. Vale uma primeira tentativa com essa mistura suíça, claro! Essa mistura foi temperada com um pouco de pimenta e noz moscada moídas na hora.
Agora, uma pequena controvérsia alpina: colocar ou não um pouco de presunto cozido. Nós estamos usando, cerca de 100g, também ralado e misturado aos queijos.
Quando o macarrão finalmente estiver cozido, escorreremos a água e vamos misturá-lo ao queijo e a cerca de 250g de creme de leite fresco. Hummm!!! Assim já pode ser considerado pronto, é um jeito de serví-lo. Nós temos um porém: é possível gratiná-lo! Então nós guardamos um pouquinho do queijo para pôr por cima e metemos tudo no forno. Esperamos criar aquela linda casquinha dourada e finalmente servimos!
Vai acompanhado de purê de maçãs (!!!) ou uma saladinha e coberto por cebolas carameladas (fritinhas na manteiga).
Guten appetit!
Você sabia? Segundo fontes locais (o Michael, aqui do meu lado) essa receita surgiu como uma forma de reaproveitar sobras, e acabou tornando-se um ícone da culinária suíça.
Pelo mundo: Enquanto um suíço consome em média 20kg de queijo por ano, no Brasil, a média per capita/ano é de apenas 3kg.

Petí Gatô

Foto furtada na rede, mas são os bolinhos da confraria mesmo. Eu os comi! 

Ou, como dizemos por aqui, “bolinhos”! Sucesso absoluto e imbatível, é muito fácil fazer em casa. Não dá mais pra comprar por aí, a 12 reais (ééé, São Paulo é f!), muitas vezes com um creme artificialmente “introduzido”, depois de provar do seu próprio. (Porque o petit gateau autêntico fica cremoso por dentro porque está cru. É! Mas você vai admitir que nunca comeu nada mal assado tão gostoso!)

Vamos precisar:

100g de chocolate em barra amargo.(Pode ser ao meio-amargo, mas na minha opinião fica muito doce)
100g de manteiga

150g de açúcar
50g de farinha de trigo

2 ovos
1 gema

forminhas de papel de 6cm de diâmetro (mais ou menos…)

Primeiro, ligamos o forno, pra deixar bem quente. Derretemos o chocolate, a manteiga, misturamos (eu já derreto junto, numa panelinha de fundo grosso em fogo beeem baixo. Vale usar microondas também). Acrescentamos os ovos e a gema ligeiramente batidos misturados com o açúcar, e a farinha, misturando muito bem a cada acréscimo. Fica uma mistura pesada, bastante gordurosa, evidentemente.
Despejamos nas forminhas, umas 10, todas já dispostas numa assadeira, pra facilitar o “transporte” até o forno.
Agora, muita atenção: eles devem assar por apenas 9 minutos! É claro que essa precisão vai variar de forno pra forno, e você deve ir ajustando, testando várias vezes até chegar ao ponto ideal, onde o bolinho fica com uma casquinha assada por fora e mole por dentro. Mas aposto que ninguém vai se incomodar de repetir até acertar!
É só pegar na forminha (deixe esfriar um pouco, pra não se queimar!) e comer com a mão mesmo, separando o papel. Uma delícia!
O sorvete de creme continua valendo como bom acompanhamento. (Não fica legal pra desenformar, porque fica meio baixinho, a forminha é rasa. Mas nada impede que você teste em fôrmas maiores, menos fôrmas ou mais massa, claro, e veja o resultado. Não esqueça que isso também vai influir no tempo de forno.)

Também pode-se fazer numa forma maior, redonda, um “grand gateau”, assando por cerca de 15 minutos, mas esse eu nunca testei!

Lasanha (Lacto)Vegetariana

Aaron Shaw apresenta a lasanha colaborativa. 

Esta receita é mais uma invenção da confraria (o que não quer dizer que outras mentes já não a tenham inventado também por aí!) e se tornou um estrondoso sucesso, tendo aparecido pela primeira vez para comemorar um aniversário do nosso querido amigo Sergio Amadeu. Aliás, rolou uma permuta: troca-se duas lasanhas por um computador!! A tradicional lasanha à bolognesa perdeu seu brilho e ficou de lado após os primeiros “humms” e “nhams” provocados pela concorrente.
Orgulhosamente apresentamos a famosa Lasanha Vegetariana “da Mariel”.

Nós podemos prepará-la com um ou dois molhos. O vermelho é indispensável, e o branco pode ou não ser usado, para cobrí-la e gratiná-la. Note que ela acaba tendo duas versões: a vegetariana estrita e a lactovegetariana 😀
Na verdade, vegetariana mesmo eu nunca fizemos, porque não dispenso o queijo.
O recheio é composto por camadas do saboroso molho, queijo, berinjela, cenoura e abobrinha. E massa, claro. Parece besta, não? Mas vamos aos segredos, que a gente acredita em código aberto e conhecimento compartilhado!

Você vai precisar de (aproximadamente):

1 1/2 kg a 2kg de tomates maduros (bem vermelhos!)
2 ou 3 berinjelas médias
3 ou 4 cenouras médias
2 ou 3 abobrinhas médias

alho

manjericão

garam masala
azeite de oliva

queijo mussarela (mais ou menos meio quilo)
queijo parmesão para gratinar
massa pronta para lasanha
(eu uso uma seca de cozimento rápido)

Falaremos do molho branco oportunamente.

Dois segredos importantes são:

grelhar os vegetais – nós vamos fazer lâminas não muito finas (cerca de 2mm de espessura) das abobrinhas, berinjelas e cenouras também, e, antes de usá-las para fazer camadas na lasanha, vamos dispor de uma chapa ou frigideira aquecida para grelhar rapidamente cada fatia dos dois lados. Isso vai “selar” os ingredientes, reter o sabor, e… sei lá, tô inventando! Mas fica legal, já experimentei com e sem o processo.

temperar o molho com manjericão + garam masala.E um pouco de açúcar. Já não se sabe mais como surgiu essa mistura, mas o toque todo especial e sabor inigualável creio que esteja aí, embora esta seja uma análise além do nosso alcance de seres terrenos.
Mas que diacho é garam masala? É uma mistura de temperos indiana, que leva sementes de coentros, cominhos, cardamomo, cravo-da-índia e canela, mas que evidentemente varia de cidade pra cidade, casa pra casa, etc. Eu compro ela pronta num restaurante indiano perto de casa, mas se na sua cidade não tem, você pode tentar uma receita caseira.

O molho vermelho é um “sugo” básico: aqueça azeite de oliva, coloque dois ou três dentes de alho para dourar (cuidado pra não queimá-los! Se queimar, melhor começar tudo de novo.) Acrescente os tomates, cortados em 4, de preferência sem pele, mas essa história de tirar a semente eu acho um desperdício! Deixe, toda vida, fogo brando, mexendo às vezes. Os tomates vão começar a se desmanchar, mas a idéia é que o molho fique “pedaçudo” mesmo. Nada de bater no liquidificador!
Quando estiver nesse ponto, vamos acrescentar:

um bom punhado de folhas de manjericão fresco, mal picadas,
uma colherzinha de garam massala (com o tempo você vai adaptando a dose ao seu paladar),
e uma meia colher de açúcar (eu uso o mascavo).

Pra ser bem sincera, quase sempre abro mão do sal – confio no sal dos queijos e pra mim já é suficiente – mas é aqui que o sal vai. Coloque também umas pitadas de pimenta-do-reino moída na hora.

Esse molho, bem apurado e denso, vai servir de amálgama e de meio para cozinhar a massa. Molho pronto, legumes fatiados e grelhados, podemos seguir para a montagem. Nesse ponto você já pode ligar o forno, pra ir pré-aquecendo.

Um refratário retangular, de 40 cm X 20cm, aproximadamente. Primeiro, cubra o fundo com molho, uma camada fina que pode ser bem líquida. Depois,uma camada de massa. Cubra essa massa com uma farta camada de molho. (Mais um segredo aqui, básico para todas as lasanhas: a massa deve sempre ficar entre duas camadas de molho.) Aí, colocamos uma camada de um dos vegetais, o queijo mussarela (“tipo” mussarela) previamente ralado grosso, molho, e massa novamente. Está pronto pra começar uma nova camada, desta vez com outro dos vegetais: molho, cenoura (por exemplo), queijo, molho, massa. Molho, berinjela, queijo, molho, massa. Vá fazendo até quase encher a fôrma. A última camada vai ser massa.
“Mas espera aí, a massa não tinha que estar sempre entre molhos?”
Sim! Muito bem! A última camada vai ser massa, coberta de molho e queijo para gratinar!

E nessa cobertura, as variações: o molho da última camada pode ser branco, coberto de parmesão. Ou ainda, pode ser molho vermelho coberto com fatiazinhas de tomate-cereja (ou outro tomate pequeno) e salpicado com parmesão e algumas folhas de manjericão, o que fica lindo!

Você vai levar essa pesada fôrma ao forno pré-aquecido por cerca de 40 minutos, ou conforme as instruções da embalagem da massa.
É um prato aromático e dispensa acompanhamentos. A não ser um bom tinto leggero!

Iogurte caseiro básico

Esta é uma receita muito simples para fabricar um iogurte muito profissional, bem gordo e muito cremoso. Se você ficou assustado por esta frase, explicarei também como fazer uma versão mais light, mas muito menos gostosa.

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Estes são os nossos ingredientes: 1 litro de leite integral, de caixa (tipo A) ou de saco (tipo B), o de saco é um pouco mais gordo, portanto melhor, 1 pote (+/-200g) de iogurte natural (não adoçado, e integral se possível), 3 ou 4 colheres de sopa de leite em pó, e 200g (meio-pote) de nata.

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Utilize um pote que possa conter 2 litros, e mixture ali o iogurte e a leite em pó. Pode fazer iogurte sem leite em pó (os únicos ingredientes indispensáveis são o leite e o iogurte), mas assim ele ficara menos líquido.

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Misture bem, você deve remover todas as bolinhas de leite em pó.

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Adicione a nata e mixture. Isto vai fazer todo o diferencial do seu iogurte, transformando ele em um delícia absoluta. Se você quer um iogurte mais light, pule esta etapa, mas acredite, você vai sentir a diferência.

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Em uma panela, coloque o leite e esquente até 36 graus. Se você não tem termometro, tem um truque fácil: 36 graus é a temperatura do nosso corpo, então coloque um dedo na sua boca: ai está a temperatura que você precisa atingir. Cuide de não passar muito desse ponto, senão matará as bactérias que produzem o iogurte e nada acontecerá.

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Agora é só misturar bem,

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e colocar num lugar quente durante mais ou menos 9 horas. Eu uso uma caixa de isopor, no fundo da qual coloco um pote de água quente. Isso vai manter a temperatura dentro da caixa bem quente durante as 9 horas.

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Após 9 horas, tudo está pronto! Você precisará misturar um pouco o creme do leite que terá acumulado na superfície, e colocar na geladeira para ficar numa temperatura boa para comer. É melhor comer em uma semana, mas aguentará até uns 10 dias. Fica delicioso com algum fruto que você bate no liquidificador, nem precisará adoçar…

Nota: A Maíra consegue fazer um iogurte muito melhor

O Xis gaúcho

Isto é provavelmente uma das receitas mais secretas do mundo. Os únicos lugares conhecidos no mundo inteiro onde se pode degustar a maravilhosa iguaria são o Cavanhas em Porto Alegre, e várias lanchonetes em Santa Maria. Se trata de um sanduíche, chamado “Xis”, por referência muito distante ao famoso cheeseburger.A receita para fazer Xis foi até hoje totalmente oral, transmitida somente de xiseiro para xiseiro, e necessitou muito trabalho para ser reconstituída aqui. Acredite, o que vai ser ilustrado em seguir representou um colossal esforço colaborativo.O xis gaúcho tradicional, ao contrário do que se faz em outras áreas, tem pouquíssimas opções. Todos os sabores tem 90% dos ingredientes idênticos, o que muda (e dá o nome ao xis) é somente o tipo de carne. Aqui estão alguns dos sabores mais comuns:
  • Xis filé: com carne bovina fatiada (algum corte de boa qualidade, como filé, alcatra ou coxão mole)
  • Xis filé-bacon
  • Xis galinha: com frango desfiado
  • Xis galinha-bacon
  • Xis coração: com corações de frango
  • Xis simples: com hamburger
  • Xis bacon: com hamburger e bacon
Os ingredientes comuns são:
  • Pão: pão clássico de sanduíche, mas deve ser MUITO grande (diâmetro médio: 20 a 25cm). Atenção, o tamanho do pão tem um papel crucial no desenvolvimento da receita, um pão pequeno demais não conseguirá segurar todos os ingredientes.
  • Maionese, catchup, mostarda
  • Tomate, cortado em cubinhos
  • Alface
  • Queijo
  • Ovo, frito (opcional, mas muito recomendado)
  • Milho
  • Ervilha
Além disso, você precisará de um equipamento pesado:
  • Uma chapa de fritar, preferencialmente de uso profissional. Em São Paulo, tais chapas se encontram facilmente na rua Paula Souza.
  • Uma espátula metálica grande

Quando todos os ingredientes e aparelhos estiverem reunidos, podemos começar a cerimônia da fabricação:

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Este é o pão de xis, fabricado especialmente para nós por um padeiro de Araraquara, mede mais ou menos 20x15cm. Até hoje não conseguimos encontrar pão de tamanho suficiente em São Paulo…

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A carne dos Xis filé, que neste caso não é filé mas uma alcatra de boa qualidade se minhas lembranças são boas. Deve ser picada bem pequeno, como para um Strogonoff.

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A galinha, ou frango, sendo desfiada, após ter sido impiedosamente fervida. Este é um frango orgânico, um pouco mais duro mas quanto mais saboroso!

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Esta é a chapa de qualidade profissional, indispensável para esta receita. Teve muita argumentação antes da compra, mas todos concordam agora que era absolutamente necessário. Esta mede mais ou menos 45cm de lado (cabem dois Xis), e, segundo os dizeres de alguns, não pode ser lavada nunca, apenas esfregada com um pano seco. Até hoje, essa regra foi seguida escrupulosamente.

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Começa a fase preliminar. Os pães são cruelmente fendidos lateralmente, e alinhados para ser recheados. Quando se faz Xis para umas 10 a 12 pessoas, a coordenação e o planejamento são cruciais, pois devem sair no mais curto espaço de tempo possível.

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Enquanto o recheador trabalha nos pães, o xiseiro já põe as carnes para fritar. A chapa já está quente, e as diferentes carnes vão ser fritas uma após a outra, fritando sempre um pouco de bacon entre cada uma para manter a chapa a boa oleosidade. O bacon, claro, é que servirá para fazer os sabores “com bacon”. Reserve um pouco mais de tempo para os corações de frango, que demoram mais que o resto para fritar.

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Enquanto isso, na mesa de rechear, os pães recebem uma camada de maionese, de cada lado. A cerveja não faz parte da receita.

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Continuamos com o tomate, cortado em cubinhos.

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Em seguido, milho, ervilha, catchup, mostarda, e uma generosa dose de alface. A base está pronta, agora os Xis podem receber a carne.

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A carne, justamente, está no ponto. O xiseiro, enlouquecido pelos vapores de bacon, trabalha a um ritmo infernal.

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Começamos a por a carne nos Xis, cada um em função do pedido: filé, galinha, ou para alguns raros audaciosos, galinha-filé-bacon…

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Este, justamente, é o famosissimo filé-bacon, sem dúvida meu favorito…

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Você acha que já está de bom tamanho? Não viu nada ainda. Uma vez toda a carne frita, é a vez dos ovos. A chapa desta vez fica aberta, fritamos rapidamente os ovos em cima da gordura deixada pelas várias carnes.

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Uma vez o ovo colocado, dispomos uma generosa fatia de queijo, que, imediatamente, começa a derreter…

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Os Xis são então fechados e colocados dois por dois na chapa. A chapa ficou armazenando os sabores de todos os ingredientes que foram fritos nela até agora, e pode agora impregnar o pão com o que poderíamos chamar de essência de Xis…

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A chapa deve ser fechada e pressionada para dar o aspecto final característico no xis. Uma pequena parte de ingredientes escapa durante esta operação, mas não é um problema visto o tamanho do xis e a quantidade de coisas que colocamos nele.

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Alguns minutos depois, o xis está servido! Todos que já provaram o verdadeiro xis gaúcho são unânimes: Fica perfeito.

Para conseguir realizar esta recita foram necessários os esforços conjuntos e sabiamente coordenados de Maíra, Marina, Mariel, Irineu, Gabriel, e do seu servidor, todos agora mestres confirmados na arte do xis gaúcho.